Um dos processos terapêuticos importantes ocorre por meio de uma relação que se forma ao longo das sessões de terapias.
Assim como cada terapeuta tem suas vivências e suas características pessoais, cada paciente também tem as suas e que podem dar certo quando há interação entre elas, como uma linguagem que estabeleça “um bom entendimento” ou principalmente quando a escolha da abordagem consegue gerar elementos que promovam uma boa compreensão entre ambos.
Existem alguns fenômenos que ocorrem de forma “inconsciente” que são muito importantes para o processo de análise do paciente, um deles é chamado de “transferência”.
A transferência é um dos aspectos dentro da terapia que requer muita perspicácia do terapeuta em relação ao paciente. A transferência consiste na repetição de “determinados aspectos de um relacionamento do passado”, em geral de pessoas que foram significativas nos primeiros anos de uma criança, que foram levados (inconscientemente) para a fase adulta do paciente. Esse “deslocamento de energia” ao longo da vida pode ser um impulso, uma defesa, uma atitude, um sentimento, um comportamento, ou seja, uma característica que não foi “assimilada” ou “ficou incompreendida”, que passa a ser repetida e reinterpretada, de forma compulsiva e instintiva na vida presente daquela pessoa.
Como a busca da “satisfação” desse impulso nunca é completa, pois a “satisfação transferencial” é apenas uma “substituta” daquela do passado, da verdadeira, pode haver cada vez mais um distanciamento desse individuo com essa psiquê a ser trabalhada, pois ele não é capaz de trazer à consciência esses “desejos obscuros” e continua a repetir esse “padrão” compulsoriamente.
Essa repetição também é uma forma de “resistência” dessa “recordação”. É importante saber que essa “resistência” é a parte que se opõe ao trabalho terapêutico de trazer a consciência esse “material do inconsciente” para ser trabalhado. Assim quanto maior for a resistência, maior será a transferência, ou seja, em vez de trazer a “recordação” à tona, a pessoa fica “revivendo”, inconscientemente, esses padrões com o terapeuta. Assim, a transferência que se torna uma “resistência”, também torna o tratamento terapêutico mais complexo e difícil.
Já a transferência quando bem conduzida, é extremamente importante e saudável, é uma das fontes de comunicação do inconsciente que se manifesta com o estabelecimento da relação terapêutica e ajuda muito o terapeuta, pois o paciente revive sentimentos, conflitos ou defesas que experimentou na situação original, mas tratando de maneira “mais consciente” esses aspectos.
Algumas figuras são trabalhadas nessa relação, como as dos pais e supostos pais (referenciais de pais). Há uma mistura de aspectos reais e fantasiosos representado na figura dos terapeutas, que fornecem um padrão para relações posteriores.
No setting analítico, as transferências entre paciente e terapeuta costumam acontecer com mais intensidade do que as fora do campo analítico (na sociedade) e essas reações do paciente acabam compondo um importante instrumento para o terapeuta se basear para manejar o formato da terapia e a dinâmica do apoio ao paciente.
E o momento mais gratificante dentro da terapia é quando o paciente revive esses acontecimentos do passado e “percebe aquilo que está resistindo”. Então essa Transferência se transforma em um valioso elemento para a evolução do tratamento, como o recebimento de insights e o alcance daquele propósito que originou a busca pelo terapeuta.
Que tal “abraçar” a terapia nesse momento e em todos os momentos possíveis? “deixar” a transferência acontecer para se transformar internamente e aprender a lidar com o externo de forma saudável? “aprender” a trilhar novos caminhos em qualquer fase da vida, entendendo que cedo ou tarde, toda hora é hora? “viver” mais para você, tornando o seu mundo melhor para se viver melhor no mundo? Se sua resposta for sim, continue sua busca com força, coragem e determinação!
Abraços!